Quem foi Orlando Jogador. História de um dos chefes lendários do Complexo do Alemão

História do Orlando Jogador 

Orlando da Conceição, mas conhecido no crime como "Orlando Jogador", antigo chefe do Complexo do Alemão, e que foi alvo de um acontecimento que praticamente ditou o rumo entre as comunidades do Rio de Janeiro para os tempos atuais.

Orlando Jogador, como era conhecido dentro do Complexo do Alemão e no Comando Vermelho.  Tinha o apelido de "Jogador" porque era bom no futebol, e até atuou no Olaria futebol clube, mas nunca deu certo na carreira. Cresceu e nasceu no entorno do Morro do Adeus em Bonsucesso, mas iniciou no crime no Morro do Engenho da Rainha, na zona norte.

Entrou na liderança do Complexo do Alemão na sucessão do bandido conhecido como "China" seu ex-patrão, que caiu nas mãos do CV por suspeita de traição. Orlando se tornou o número 1 das 12 favelas do Complexo do Alemão, mas não do Morro do Adeus, que deixou para o pai do Uê por consideração, que futuramente seria seu algoz.

Orlando Jogador tinha o típico perfil dos traficantes dos anos 90 no Rio. Gostava de agradar a comunidade com festas arregadas, torneios de futebol, presentes, cestas básicas e até dar dinheiro para quem precisasse.  Querido dentro do CV, se tornou um dos maiores varejistas de drogas da cidade, segundo apontamento da polícia na época.

Inicio do Império do Orlando Jogador no Complexo do Alemão e Penha

Em meados de 92, segundo relatos, o Orlando Jogador patrocinou uma intensa batalha para conquistar a metade das comunidades que faziam a composição do Complexo da Penha. Na época, os criminosos conhecidos como Branco, Nena e Jorge Espora, entraram em desacordo com CV e estariam arquitetando um golpe para se tornarem "Neutros" ou entrar na facção do Terceiro Comando

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Para não perder a hegemonia que o CV tinha no Rio de Janeiro nos anos 90, os soldados do Orlando Jogador em conjunto com os soldados do Morro do Adeus na liderança do Uê, expulsaram todos que não estavam em acordo com eles no Complexo da Penha, e tomaram o território para o CV novamente. Nessa época, soldados do Jorge Espora costumavam atacar polícias na região, e tiroteios sempre eram frequentes entre a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão, desagradando a cúpula da facção.

Além da Penha, a gestão do Orlando Jogador auxiliou na invasão de dezenas de comunidades pela cidade do Rio de Janeiro, ajudando inclusive o Uê em tomar os pontos de drogas no Complexo do Caju, na zona portuária.

Por quê estamos citando também o traficante Uê?  Porque ele será um dos protagonistas do Fim da era do Orlando Jogador no Complexo do Alemão.

Em meados de 94, os nomes do Orlando Jogador e Uê, eram os mais citados nas páginas polícias. Mesmo sendo parceiros de facção, o Jogador era considerado pelo Varejo das drogas e o Uê, pelas vendas em atacados e a distribuição que vinha da Bolívia, Peru e Paraguai, controlando essa operação, se tornando um dos primeiros "Matutos" do Rio.

Orlando Jogador não esperava que o Uê, além de ser o maior fornecedor do Estado do Rio de Janeiro, tinha ambição de tomar o controle do Complexo do Alemão, mesmo já dominando o Morro do Adeus e mais 10 comunidades espalhadas na cidade.

Traição que derrubou império do Orlando Jogador

O Fim do Orlando Jogador foi em Junho de 94, numa chacina feita pelo bonde do Uê dentro da Grota no Complexo do Alemão. O jornal da Folha de São Paulo relatou o momento de terror, que foram vitimados 16 pessoas, com pelo menos 13 pessoas sendo do bonde do Jogador.  

Os corpos do Jogador e 6 comparsas, foram encontrados num Monza Azul na Rua Clap Filho na Maria da Graça. Num outro Monza Vinho, estavam os corpos do irmão do Jogador, o Wanderson e o Siri e seu braço direito. encontraram outro Monza em São Cristóvão, e nele tinha mais 4 corpos . Foram encontrados mais corpos em Irajá, Para-Pedro e dentro da Nova Brasília. Alguns ficaram irreconhecíveis. 

Agora, qual foi o motivo do Uê tirar a vida do Orlando Jogador, que até então, era considerado seu parceiro dentro do CV?

Matérias e investigações da época, apontavam que Uê e seu bonde, inventaram uma história que foram sequestrados por policiais corruptos, e que homens ligados ao Uê iria buscar o resgate com o Orlando Jogador dentro do Complexo do Alemão. Assim que chegaram, metralharam o Bonde do Jogador e só.

Entretanto, conversando com "crias da época", existia outra versão desse caso. O Uê teria montado um grande assalto á banco na cidade, e para acontecer, precisava de armas, dinheiro e a participação do bonde do Orlando Jogador. 

Quando se reuniram dentro da Nova Brasília, que seria a reunião do roubo, o bonde do Uê recebeu as armas do Orlando e o sinal de "Ok", alvejaram apenas o Orlando Jogador e seus homens, e o resto foi o quê já contei acima.

Depois desse acontecimento em 94, o bonde do Uê tomou o controle da Grota e Nova Brasília no Complexo do Alemão por  semanas, com muitos confrontos acontecendo na região contra o Morro do Adeus.  

Dentro da facção do CV, os líderes mais velhos inocentaram o "Uê", com a desculpa que era uma desavença entre eles, e compraram a versão que o Jogador teria matado um primo do Uê no Morro da Mineira, e que na hora do desenrolado os soldados do Orlando teria mirado para os soldados do Uê e o confronto aconteceu.

Entretanto, a ala jovem do Comando Vermelho, composta pelos conhecidos Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar, não aceitaram essa versão e exigiram uma expulsão do Uê do CV.  Como o Uê era o principal fornecedor de armas e drogas da facção na época, ele mesmo saiu e entrou no Terceiro Comando, e arquitetou planos para acabar com toda ala Jovem do CV, que futuramente teria formado a facção do Amigos dos Amigos , o ADA.