Quem é o Peixão da Parada de Lucas? O fundador do conhecido Complexo de Israel

Infância e Primeiros Envolvimentos com o Crime

Álvaro Malaquias Santa Rosa, mais conhecido como Peixão ou Arão, é o chefão do famoso "Complexo de Israel" e integrante do Terceiro Comando Puro. No entanto, antes da fama no crime, ele era apenas "Alvinho". Criado nas comunidades de Duque de Caxias e Parada de Lucas, Alvinho cresceu em uma família em que seus irmãos estavam envolvidos com o crime, mas ele dizia que nunca queria seguir o mesmo caminho.

Peixão abandonou a escola na sétima série e começou a andar com jovens que faziam pequenos trabalhos para o tráfico. Aos poucos, foi se envolvendo na Parada de Lucas e, na adolescência, já trabalhava para o tráfico, então liderado pelo lendário Robertinho de Lucas.

Ascensão no Tráfico e Aliança com a Igreja

Quando Robertinho deixou o cargo de chefe do tráfico, Furica assumiu o controle da Parada de Lucas. Peixão, durante a gestão de Furica, começou a subir na hierarquia. Há relatos de que ele serviu no militarismo, retornando ao tráfico com conhecimentos militares que utilizou em Lucas.

Na gestão de Furica, Peixão fazia parte de sua segurança e tinha acesso aos pastores evangélicos da comunidade, o que estreitou sua relação com a igreja. Furica posteriormente tomou o controle de Vigário Geral, expulsou o Comando Vermelho e, em 2008, foi morto em um confronto com a polícia, deixando o império para Chopp e Batista.

Conflitos Internos e a Saída do Crime

Em 2010, Chopp foi executado pelos próprios comparsas em um golpe interno na Parada de Lucas, deixando o controle para Batista, também conhecido como Tião. Isso levou às mortes de Targino e Branco, o que fez com que Peixão abandonasse o crime e se entregasse à igreja evangélica.

Em 2011, Peixão retornou ao tráfico de drogas na Parada de Lucas, em meio a um golpe na hierarquia. Pelo menos dez traficantes mudaram de lado, passando do grupo de Batista para o Comando Vermelho, liderados por L.O, parente de Batista e insatisfeito com a gestão do TCP. L.O foi morto em um confronto com o BOPE, mas Batista devolveu seu corpo aos parentes, o que gerou descontentamento em Vigário Geral e Parada de Lucas.

A Divisão do Poder e a Volta ao Controle

Batista largou seu cargo em 2013, deixando as comunidades para quatro gerentes: Peixão, Acerola, Mia e Furacão (filho de Robertinho de Lucas). Batista tentou reassumir o poder, mas foi rejeitado pelos gerentes, que alegaram má administração das finanças do grupo. Batista fugiu e nunca mais foi visto.

Em 2014, houve uma nova disputa interna, e Peixão se aliou a Mia e aos chefes de Acari para tirar Furacão do posto de "Frente". Furacão foi executado sob a acusação de desviar dinheiro da quadrilha.

Conflito com Acerola e Consolidação do Poder

Acerola, gerente de Vigário Geral, queria mais poder e tentou trair Mia e Peixão, que descobriram o plano e, com autorização da facção, executaram Acerola por traição. Assim, Peixão tornou-se o chefão da Parada de Lucas, assumindo todas as bocas de fumo de Furacão em Duque de Caxias e Nova Iguaçu.

Como líder da Parada de Lucas, Peixão começou a aceitar insatisfeitos do tráfico na Cidade Alta, comunidade dominada pelo Comando Vermelho. Em 2016, ele organizou uma invasão à Cidade Alta, com a ajuda de traficantes de Dendê, Muquiço e Acari, além de aliados locais.

A Formação do Complexo de Israel

Para conquistar a confiança dos moradores da Cidade Alta, Peixão designou os próprios "crias" como líderes locais, mas muitos acabaram mortos no tribunal da Parada de Lucas. A tomada da Cidade Alta aumentou a importância de Peixão, que, posteriormente, organizou invasões às comunidades de Pica-Pau e 5 Bocas, formando o "Complexo de Israel".

Muito religioso e meticuloso, Peixão ordenou a pintura de grafites e a hasteamento de bandeiras de Israel nas comunidades sob seu controle. Ele também promoveu reformas nas áreas, criando áreas de lazer, organizando bailes e até construindo uma ponte irregular entre Cidade Alta e 5 Bocas.

Expansão e Alianças com Outras Facções

Peixão fez acordos com traficantes de Gramacho, conhecidos como Trem e Corinthians, que se juntaram ao Complexo de Israel e receberam reforços. Ele ordenou a tomada dos territórios do Comando Vermelho em Santa Cruz da Serra e reforçou as comunidades sempre com o símbolo de Israel.

Em 2020, Peixão fechou acordo com milicianos em Quitungo e tentou retomar comunidades do Guaporé e Quitungo, que haviam sido tomadas pelo Comando Vermelho do Complexo da Penha. Esses feitos fizeram dele o maior inimigo do Comando Vermelho, liderado por Doca, que adotou o apelido "Urso", em alusão à caça do "Peixe".

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Atual Situação de Peixão

Atualmente, Peixão é acusado de extorsões em Cordovil, instalação de câmeras em ruas fora das favelas, desaparecimento de corpos de rivais e de ter ordenado a execução de seu comparsa, Mia, por traição. Em 2022, foi acusado de mais de dez execuções de seus próprios soldados, investigado por motivos de traição e insubordinação.

Com nove mandados de prisão, Peixão tem uma recompensa de R$ 2 mil por sua captura, e a polícia realiza operações constantes para prendê-lo no Complexo de Israel e na Baixada Fluminense.